André Mascarenhas, do Estadão.com.br
SÃO PAULO - Em um discurso que mesclou elogios ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com críticas indiretas aos 16 anos de administrações tucanas em São Paulo, o líder do DEM na Câmara Municipal de São Paulo, Carlos Apolinário, anunciou na tarde desta segunda-feira, 14, que irá apoiar a candidatura do senador petista Aloizio Mercadante ao governo do Estado. A decisão desrespeita a coligação do DEM com o PSDB no Estado. O partido de Apolinário apresentou o nome de Guilherme Afif Domingos para ser candidato a vice na chapa do tucano Geraldo Alckmin.
Atribuindo sua escolha à falta de demonstração de "respeito" por parte dos tucanos, Apolinário fez críticas indiretas à indefinição na escolha de um candidato a vice na chapa do candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra. "Eles ainda nem escolheram o vice. Os tucanos não demonstraram respeito ao DEM", disse, numa referência à possibilidade da formação de uma chapa puro-sangue tucana para a sucessão de Lula. Questionado sobre a escolha do democrata Afif Domingos para compor, como vice, a chapa de Alckmin, Apolinário foi incisivo: "O Afif tinha capacidade para ser candidato a governador. Como não foi, fico com o Mercadante", alfinetou.
Apolinário disse não ter comunicado sua decisão ao prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que acumula o cargo de presidente do DEM no Estado. O vereador foi dúbio ao responder se a manobra escancarava um conflito dentro do partido, e descartou uma relação entre sua dissidência e a eleição à prefeitura de São Paulo em 2008, quando o DEM decidiu não fechar uma aliança com o PSDB para poder lançar Kassab candidato. "Eu não acho que haja um conflito, mas também não perguntei (a opinião do partido). Eu apenas tomei a decisão", afirmou. Segundo o democrata, seu apoio a Mercadante abre a porteira para que outros políticos do partido façam o mesmo.
Elogios a Lula
Embora o DEM faça oposição a Lula no plano federal, o democrata não poupou elogios ao presidente. Disse não ter votado nele em 2002, mas admitiu ter apoiado Lula a partir de 2006. "Se tivesse terceiro mandato, eu votaria nele", brincou. "Os petistas sabem que eu vivo dizendo o quanto eu estimo e respeito o presidente."
Sem citar nomes, Apolinário fez críticas aos governos do PSDB no Estado, e em especial a Alckmin. "O Estado de São Paulo não está precisando de um gerente. Está precisando de um governador que tenha capacidade administrativa, mas que também tenha vontade política de mudar o Estado", disse. O vereador também criticou os políticos "que se preocupam apenas em pagar as dívidas aos bancos".
O vereador paulista discursou ao lado de um sorridente Mercadante, que comemorou o "significado muito especial" da aliança e não deixou de demonstrar interesse na capacidade de Apolinário, um pastor evangélico, de carregar os votos dos religiosos para a sua chapa. "É uma liderança de peso, que tem histórica, uma liderança extremamente reconhecida no mundo evangélico", disse o senador na abertura de sua fala.
O petista, que nas pesquisas aparece atrás do tucano, aproveitou para demonstrar confiança na capacidade de derrotar Alckmin no Estado, e disse que ela reflete a insatisfação de políticos paulistas com as administrações tucanas. "A fala de Apolinário é majoritária", disse.
FONTE: estadao.com.br
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